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01 Fev 2021

Viana do Castelo assinala centenário da morte do escritor João da Rocha

Pedro Xavier

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A Câmara Municipal de Viana do Castelo assinala, a partir de hoje e até final de 2021, o centenário da morte do escritor João da Rocha. O Município irá, assim, promover vários eventos para assinalar o centenário de um dos mais ilustres escritores e figuras públicas da cidade, João da Rocha (n. 1868 - m. 1921), da mesma geração de Raul Brandão e de António Nobre, de quem foi amigo próximo.

A 27 de março de 2021, pelas 11h00, acontece a apresentação do livro “A Sabedoria da Paciência: Antologia do Centenário de João da Rocha (1868-1921)”, organizado por Manuel Curado e editado pela Câmara Municipal.

A 19 de junho de 2021, acontece o Colóquio do Centenário, com a participação de vários especialistas e conhecedores da obra do escritor. O colóquio fará também a apresentação pública da reedição do volume Angústias, de João da Rocha. 

Para 30 de dezembro, está agendada uma sessão pública de lançamento do tomo 55 dos Cadernos Vianenses, reunindo as comunicações apresentadas pelos conferencistas no Colóquio do Centenário. 

O programa visa disponibilizar as obras do escritor, extremamente raras e de difícil acesso, através da edição de uma antologia dos seus textos ensaísticos, narrativos e poéticos, e da reedição da que é talvez a mais importante das suas obras, o volume de contos Angústias, título que nunca tinha sido reeditado. 

Pretende ainda promover, através do colóquio, a reflexão científica sobre a obra do escritor, estando já assegurada a participação de Artur Anselmo, José Carlos Seabra Pereira e João Paulo Oliveira e Costa. 

A Biblioteca Municipal de Viana do Castelo produziu um vídeo sobre o escritor, que está disponível no seu sítio. Por sua vez, a Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, organizará uma exposição bibliográfica durante o segundo semestre. 

João da Rocha nasceu a 17 de abril de 1868, em Viana do Castelo, falecendo a 1 de fevereiro de 1921, em Lisboa. Notabilizou-se de muitos modos e, como contista, contribuiu decisivamente para o género fantástico na literatura portuguesa. 

Os dois livros que dedicou a este género procuram descrever situações-limite. O primeiro deles tem o título de Memórias de um “Médium” e uma estrutura muito original: depois de um ensaio inicial, que reflete sobre as limitações do conhecimento humano, segue-se o diário de um homem jovem a quem acontecem coisas excecionais. 

O segundo livro é uma coleção de histórias de pessoas que tentam alcançar a felicidade (Angústias, 1901). A angústia é, para o escritor, “a sede do que nos foge” e o que está sempre a fugir da vida das pessoas é a ventura ou felicidade. 

Como ensaísta, destacam-se os seus estudos sobre as Descobertas, nomeadamente sobre o Infante D. Henrique e sobre o navegador Gonçalo Velho. Na poesia, o registo lírico é muito intimista, como acontece no volume Nossa Senhora do Lar (1900). Sinal do génio polifacetado de João da Rocha, há que acrescentar a poesia com objetivos didáticos (Canções Portuguesas para as Escolas, 1980) e populares (709 Poesias de Reclamo à Casa Brasileira, 1977).

Os vianenses conhecem João da Rocha pelo cognome de Frei, que lhe foi dado pelo diplomata e também escritor Alberto de Oliveira durante os estudos de ambos em Coimbra, e foi também ele que fixou definitivamente o nome literário de João da Rocha, de nome completo de João Loureiro da Rocha Páris Barbosa e Vasconcelos. O escritor recorreu também a pseudónimos, nomeadamente o de João Ninguém. 

Para além de ter colaboração dispersa por várias publicações (A Arte, Aurora do Lima, Miosótis, Os Novos, Revista de Hoje, etc.), João da Rocha fundou e dirigiu o jornal Folha de Viana e a revista cultural Límia

Por sua vez, a revista, para além do valor da participação de escritores ilustres, tornou-se famosa por ter adotado uma ortografia muito original da língua portuguesa, onde, por exemplo, a letra “h” deixa de ser usada (a palavra “homem” passava a “omem”), por sugestão de Cláudio Basto e teorização de Gonçalves Viana. 

João da Rocha foi também professor do liceu e presidente do Instituto Histórico do Minho, sendo também recordado o seu contributo para o combate contra o analfabetismo, no âmbito das atividades da Liga de Instrução de Viana do Castelo.  

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